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Suely Caldas Schubert

A ideia é de que existe uma espécie de memória na natureza.

Cada espécie de coisa tem uma memória coletiva.

Rupert Sheldrake (1)

Em 1981, o biólogo inglês, Rupert Sheldrake lançou seu primeiro livro, Uma Nova Ciência da Vida, apresentando uma teoria que viria a revolucionar o universo da biologia: a de campos mórficos ou morfogenéticos e a de ressonância mórfica.

A visão apresentada por Sheldrake abriu novas perspectivas para um conhecimento mais aprofundado em relação aos seres vivos e à Natureza. Assim, o campo morfogenético seria uma região de influência que atua dentro e em torno de todo organismo vivo. Para melhor entendimento, recordemos o campo eletromagnético em volta de um imã; o campo morfogenético seria algo semelhante.

Explica o biólogo que cada grupo de animais, plantas, pássaros etc, é cercado por uma espécie de campo invisível que contém uma memória, e que cada animal usa a memória de todos os outros animais da sua espécie. Esses campos são o meio pelo qual os hábitos de cada espécie se formam, se mantém e se repetem.

Consideremos o seguinte: havia um arquipélago no Pacífico povoado apenas por macacos. Eles se alimentavam de batatas, que tiravam da terra. Um dia, não se sabe porque, um desses macacos lavou a batata antes de comer, o que melhorou o sabor do alimento. Os outros o observaram, intrigados, e aos poucos começaram a imitá-lo. Quando o centésimo macaco lavou a sua batata, todos os macacos das outras ilhas começaram a lavar suas batatas antes de comer. E entre as ilhas não havia nenhuma comunicação aparente.

Essa história (fictícia) exemplifica a teoria dos campos morfogenéticos. Segundo o cientista, os campos morfogenéticos seriam estruturas energéticas invisíveis que se estendem no espaço-tempo e estabelecem a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material. Isso significa que todo átomo, molécula, célula ou organismo gera um campo organizador ainda não detectável por qualquer instrumento, que afeta todas as unidades desse tipo. Portanto, sempre que um membro de uma espécie aprende um comportamento, e esse comportamento é repetido vezes suficiente, o campo (molde) até então existente, é modificado e a modificação alcança e repercute na espécie por inteiro. Isso explica porque, no exemplo, todos os macacos do arquipélago de repente começaram a lavar suas batatas sem que houvesse comunicação entre as ilhas.

Para Sheldrake, existe uma peculiaridade muito específica de campos, que ele denomina de campos mórficos. Estes contém informações sobre hábitos e comportamentos de cada espécie. Cada membro de uma espécie teria seu próprio campo mórfico, resultando que a soma dos campos mórficos dos indivíduos formaria o campo das espécies.

Outro ponto importante, segundo o biólogo, é que esses campos, teriam condições não só de estocar, mas ainda a possibilidade de trocar informações com outros campos mórficos, o que se daria por um processo de ressonância, que ele chamou de ressonância mórfica.

Em suas pesquisas, durante anos, desses campos e dos processos de intercâmbio de informações contidas em campos mórficos de indivíduos de uma espécie e que poderiam ser transmitidas para indivíduos de outra espécie, levaram Rupert Sheldrake a uma conclusão ainda mais revolucionária, a de que existe algo como uma memória na Natureza. Observemos como ele próprio esclarece :

A ideia é de que existe uma espécie de memória na natureza. Cada espécie de coisa tem uma memória coletiva. Assim, tome como exemplo um esquilo vivendo hoje em Nova York. Esse esquilo está sendo influenciado por todos os esquilos passados. Eu dei o nome de ressonância mórfica ao processo como essa influência se move ao longo do tempo, transportando tanto a forma quanto os instintos da memória coletiva dos esquilos. É uma teoria de memória coletiva na natureza. Essa memória é expressada pelos campos mórficos, os campos existentes dentro e em volta de cada organismo. Os processos de memória devem-se à ressonância mórfica.

Rupert Sheldrake, Rivista di Biologia – Biology Fórum, 1992

Citado Livro das revelações

Ampliando essa linha de raciocínio, Sheldrake aduz, que também os seres humanos têm uma memória comum. Essa ideia casa-se perfeitamente com o inconsciente coletivo de Jung , que seria compreendido facilmente a partir dos campos mórficos coletivos.

É bom dizer logo que o materialismo científico admite a existência de campos, entretanto esses campos não comportariam qualquer espécie de consciência, o que vale dizer que não transmitiriam informações a distância e, como é óbvio, eles desapareceriam com a morte.

O que decorre disso é explicado por Eduardo Castor Borgonov, em O Livro das revelações, visto que se os campos mórficos realmente armazenam informações de nossa memória e, se essas informações podem ser transmitidas à distância, sem contato físico, pode-se concluir que não existem separações entre as mentes individuais e coletivas.

“E, assim, teríamos de admitir que estamos conectados a tudo – à nossa espécie, a outras espécies, a toda as formas de vida. Mais ainda: especulando sobre a possibilidade de nos conectarmos também com formas não-vivas, como admite Sheldrake, chega-se à conclusão de que nossa consciência está conectada com toda a criação. Estamos ligados às estrelas e aos planetas, a todo o Universo, não somente por elementos químicos em nossos corpos, mas também por intermédio de nossa mente.”

Eduardo Castor Borgonov. O Livro das Revelações. Ed. Alegro SP. 1999 2ª Ed. Outras pesquisas foram realizadas pelo biólogo britânico no propósito de provar que o corpo possui um campo mórfico e, quando se perde uma parte desse corpo, o campo permanece. Um exemplo é uma das experiências que fez: uma pessoa que não tem parte do braço age como se estivesse empurrando o membro fantasma através de uma tela fina. Uma outra pessoa, do outro lado da tela, tenta tocar o braço fantasma. De acordo com Sheldrake, as duas pessoas envolvidas na experiência são capazes de sentir o toque. É uma prova (subjetiva) de que alguma coisa do braço ainda existe concretamente, e não apenas no cérebro da pessoa que o perdeu. Então, o campo morfogenético é algo que está dentro de nós, e fora de nós. Nos envolve e nos define, está presente em nossos pensamentos, e nossas atitudes.

A Dra. Marlene Nobre discorrendo sobre a obra de Sheldrake, afirma: Os espíritas entendem perfeitamente bem que esses campos mórficos ou morfogenéticos e a ressonância mórfica correspondem à estrutura do perispírito, corpo espiritual ou modelo organizador biológico – corpo sutil que envolve o Espírito, que está presente também na obra do engenheiro Andrade. (Hernani Guimarães Andrade)

A Alma da Matéria . FE Editora. São Paulo.SP 2003

Outro aspecto deve ser considerado nessa altura das nossas reflexões, é o que se refere à aura humana. Para tanto passamos a palavra ao emérito escritor, Zalmino Zimermann:

A aura (do lat. Aura – brisa,sopro) é conhecida desde os tempos imemoriais, passando a ser, modernamente, graças ao próprio desenvolvimento científico, objeto de importantes estudos e frutuosas pesquisas.

A aura humana, (...) é um campo resultante de emanações de natureza eletromagnética, a envolver todo o ser humano encarnado ou desencarnado. Reflete, não só sua realidade evolutiva, seu padrão psíquico, como sua situação emocional e o estado físico (se encarnado) do momento. Espelha, pois, o ser integral: alma – perispírito – duplo etérico – corpo. (No desencarnado, obviamente, é apenas o reflexo da alma e do seu perispírito). (...)

É comum considerar a aura como se fosse patrimônio exclusivo do ser vivo. Todavia, sabe-se que todo ser, animado ou inanimado, tem a sua projeção energética.

Zimermann, Zalmino. Perispírito. Depto. Editorial Centro Espírita Allan

Kardec. Campinas. 2002 pp. 189,190 e 219

Ainda explicando sobre a obra de Sheldrake, a Dra. Marlene Nobre, em seu excelente livro , O Clamor da Vida, acrescenta:

Para Sheldrake, com os campos mórficos, muitos fenômenos não compreendidos teriam explicação lógica, como o da comunicação entre pessoas e seus animais de estimação, o vôo ordenado de bandos de aves, etc. Poderiam explicar, por exemplo, o fato de que muitos cães sabem, mesmo a centenas de quilômetros, quando seus donos resolvem voltar para casa e também o fato de pessoas saberem que estão sendo observadas.(...)

Segundo, ainda, sua teoria, a telepatia seria explicada pela existência deles, uma vez que “o campo mórfico pode distender-se, mantendo um contato que permite a comunicação.”

O Clamor da Vida . FE Editora. São Paulo. SP 2000

Tendo em vista que o campo mórfico pode distender-se propiciando um contato que permite a comunicação, é imprescindível considerar que o mesmo acontece com a aura, que também tem a propriedade de se expandir, entrando em comunicação com outras, com as quais se afinize e sintonize.

Necessário aprofundarmos um pouco mais a respeito da aura, facilitando assim o nosso entendimento. Recorramos, novamente, ao estimado médico psiquiatra, Dr. Jorge Andréa:

“A aura, na espécie humana, reflete os diversos estados de consciência que o ser pode apresentar, desde os graus instintivos mais primitivos até os vôos mais expressivos do altruísmo. No belo multicolorido de determinadas auras, próprias dos seres mais evoluídos, percebidas pelos videntes, nasceu a ideia de existência de específicas personalidades que deram margem a criação dos santos de muitas religiões; como, também, pelo aspecto embaçado e de cores esmaecidas e escuras, estariam aqueles que carregam condições bem primárias e instintivas, os que participaram de atos deletérios e negativos. Assim, diante às atitudes psicológicas e evolução dos seres, teríamos auras opacas ou luminescentes, onde os mais evoluídos podem apresentar-se com tal intensidade de luminosidade que deixam atônitos os videntes.

Nos nossos dias existem muitos trabalhos de registro dessas irradiações áuricas, em fotografia e cinematografia coloridas, efetuadas em campo de alta frequência, calcados na descoberta do casal Kirlian, de origem russa, e que, por isso, foram denominados de kirliangrafias.

Este campo áurico de registro é conhecido na Rússia, como sendo campo bioplasmá.tico.”

Correlações Espírito-Matéria Ed. SAMOS Rio de Janeiro 1984 Há, evidentemente, diferenças básicas entre o campo mórfico e a aura. O primeiro contém verdadeiro acervo de informações que podem ser trocadas, com outros campos mórficos, através da ressonância mórfica; enquanto que a aura reflete os estados conscienciais do ser humano. Isto nos leva a inferir que as auras se identificam com outras do mesmo padrão vibratório, por afinidade e sintonia.

A cada passo na escalada do conhecimento novos horizontes se abrem, ensejando perspectivas ilimitadas, que por sua vez vão sendo desvendados e, consequentemente, dando lugar a infinitas possibilidades, dantes inimagináveis. É a inexorável lei do progresso que propele o ser a conquistas constantes, levando-o a entender que cada um de nós faz parte de um fantástico plano evolutivo, no qual todos podem contribuir para que a vida terrena e nossa vida de espírito imortal, por decorrência, sejam ricas de realizações que se traduzem em felicidade a partir do nosso querer.

Completando este capítulo, vejamos a palavra sempre sábia do autor espiritual André Luiz, referindo-se ao campo da aura:

“Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares.

Evidenciam-se essas irradiações, de maneira condensada, até um ponto determinado de saturação, contendo as essências e imagens que lhe configuram os desejos no mundo íntimo, em processo espontâneo de autoexteriorização, ponto esse do qual a sua onda mental se alonga adiante, atuando sobre todos os que com ela se afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que se lhe revelem simpáticos. E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo proposto por Einstein, diminui com a distância do fulcro consciencial emissor, tornando-se cada vez menor, mas a espraiar-se ao Universo infinito.”

Mecanismos da Mediunidade. FEB 1960

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) Sheldrake, Rupert. Rivista di Biologia – Biology Fórum, 1992. Citado em O Livro das Revelações.

2) Borgonov, Eduardo C. O Livro das Revelações . Ed. Alegro São Paulo SP 1999. 2ª ed.

3) Nobre, Marlene. A alma da Matéria. FE Ed. São Paulo. SP 2003

4) Zimmermann, Zalmino. Perispírito. Ed. Allan Kardec. Campinas 2002

5) Nobre, Marlene. O clamor da vida – FE Ed. São Paulo. SP 2000

6) Santos, Jorge Andréa – Correlação Espírto-Matéria Ed. Samos Rio de Janeiro. 1994

7) Xavier, Francisco C. Espírito André Luiz- Mecanismos da Mediunidade. FEB Rio de Janeiro 1960