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Marta Antunes de Moura

As aparições de Jesus após a sua crucificação constam em diferentes passagens dos livros que compõe o Novo Testamento, entre elas consta a história da aparição de Jesus a dois discípulos que viajavam de Jerusalém para Emaús.

Cada aparição de Jesus se reveste de importância especial, oferecendo-nos lições inestimáveis. Neste sentido, o Espírito Humberto de Campos relata que, passado o impacto dos amargos sofrimentos do Calvário e da Crucificação, apóstolos e discípulos sinceros de Jesus reuniam-se periodicamente, recordando com imensa saudade os seus ensinamentos e o inesquecível convívio com o Messias.¹ Ainda que tomados por profunda tristeza, compreenderam que precisavam tocar a vida e, ao planejarem planos de divulgação da mensagem do Evangelho, relembraram a promessa de Jesus de que ele voltaria para se despedir, ainda que, naquele momento, não compreendessem como isto aconteceria: “[…] Alguns dos apóstolos aludiam às visões em que o Senhor prometia fazer de novo ouvida a sua palavra num dos lugares prediletos das suas pregações de outros tempos.”²

De fato, Jesus manifestou-se à visão de inúmeras pessoas não só para se despedir, mas também para esclarecer e orientar, mantendo o propósito de reafirmar o seu imenso amor pela Humanidade. Neste sentido, há estudiosos do Novo Testamento que contabilizam entre 12 a 18 aparições de Jesus após a sua crucificação, sendo que a primeira ocorreu um dia após a sua morte na cruz, quando foi visto por três mulheres (Maria de Magdala, Maria mãe de Tiago e João e a outra, chamada Salomé), segundo Marcos,16:1-7 e João, 20:11-18. Apareceu ao colégio apostolar reunido, 40 dias após a sua morte, em local previamente estipulado por ele, possivelemente o Monte Tabor (Mateus, 28:16-20). Acredita-se que a última aparição do Mestre teria sido ao apostolo João, quando este se encontrava exilado na ilha de Patmos (Apocalipse 1:9-20).

Jesus, essa […] alma poderosa, que em nenhum túmulo poderia ser aprisionada, aparece aos que na Terra havia deixado tristes, desanimados e abatidos. Vem dizer-lhes que a morte nada é. Com a sua presença lhes restitui a energia, a força moral necessária para cumprirem a missão que lhes fora confiada.³

A aparição do Cristo aos discípulos que viajavam para Emaús apresenta significativo aprendizado para todos nós, aspirantes a obreiros da seara do Senhor. Assim, o texto de Lucas (Lucas, 24: 13-35), selecionado para este estudo, informa que logo após a crucificação alguns discípulos viajaram de Jerusalém para a aldeia de Emaús. Estavam tristes, abatidos, magoados inconformados a morte do Cristo. De repente, um viajante aproximou-se deles, revelando-se compadecido do sofrimento que os discípulos externavam. Solícito, indagou-os a respeito do que falavam com tanta dor. Surpreendidos, respondeu-lhe com outra pergunta: “És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas, agora, com tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas acontecer.” (Lucas, 24: 18-21)

A cada informação prestada, o gentil viajante apresentava explicações lógicas, à luz da interpretação dos textos sagrados, esclarecendo-os amorosamente. Ao término da jornada, no fim do dia, chegaram à aldeia. Os discípulos revelavam-se mais calmos e confiantes, o bom ânimo fora recuperado. Convidam, então, o companheiro de viagem para compartilhar com eles de humilde refeição. Durante a ceia, no momento em que viram o peregrino abençoar o pão, os discípulos caíram em si, reconhecendo Jesus, que com eles estivera durante toda a jornada.

A história dos discípulos da estrada de Emaús simboliza todos nós, aprendizes do Evangelho que ainda não desenvolvemos a fé pura, encontrada nos verdadeiros servidores do Senhor, os quais, mesmo quando testados pelas mais difíceis provações, jamais se deixaram levar pela dúvida, mantendo-se convictos no Amor Maior.

Nós, Espíritos imperfeitos, temos um longo caminho a percorrer, e, vezes sem conta, iremos percorrer a estrada de Emaús porque, nos dias tranquilos, a nossa alma acolherá emocionada os ensinamentos do Mestre Nazareno. Vindo, porém, as inevitáveis tempestades provacionais, a descrença se instala em nosso íntimo, e a nossa fé se revela, então, vacilante, oscilando entre a crença e a descrença.

À semelhança daqueles discípulos da estrada de Emaús, também indagaremos perplexos, ao reconhecer que Jesus sempre esteve, está e estará conosco em todos os momentos: “E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão o abençoou e partiu-o e lhes deu. Abriram-se- lhes, então os olhos e o conheceram, e Ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura, não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as escrituras?” (Lucas, 24: 30-32) A estrada de Emaús é jornada de construção da fé; é caminho de ascensão espiritual que nos ensina a compreender o significado da dor, do sacrifício, das provas e expiações. A respeito, Emmanuel, fornece preciosas informações.

Ainda existem aprendizes na “estrada simbólica de Emaús”, todos os dias. Atingem o Evangelho e espantam-se em face dos sacrifícios necessários à eterna iluminação espiritual. Não entendem o ambiente divino da cruz e procuram “paisagens mentais” distantes… Entretanto, chega sempre um desconhecido que caminha ao lado dos que vacilam e fogem. Tem a forma de um viandante incompreendido, de um companheiro inesperado, de um velho generoso, de uma criança tímida. Sua voz é diferente das outras, seus esclarecimentos mais firmes, seus apelos mais doces. Quem partilha, por um momento, do banquete da cruz, jamais poderá olvidá-la. Muitas vezes, partirá mundo afora, demorando-se nos trilhos escuros; no entanto, minuto virá em que Jesus, de maneira imprevista, busca esses viajores transviados e não os desampara enquanto não os contempla, seguros e livres, na hospedaria da confiança.4

REFERÊNCIAS

1. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 37 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 29, p. 184.

2. ______. p. 185.

3. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne. 12. ed. Brasília: FEB, 2008. Cap. V, p. 53-54.

4. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. 3 imp. Brasília: FEB, 2006. Cap. 95, p. 205-206.

* Marta Antunes Moura - Coordenadora das Comissões Regionais na área da Mediunidade e uma das vice-presidentes da Federação

http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/a-estrada- simbolica-de- emaus/